quarta-feira, 31 de março de 2010

segunda-feira, 29 de março de 2010

TIPOS DE DOENÇAS MENTAIS

A primeira coisa a ter presente para se compreender um indivíduo com doença mental, é o facto das doenças mentais ou psíquicas serem efectivamente doenças e o comportamento disfuncional pode ser mais doloroso para o próprio do que para os outros.
Deve-se também reconhecer que um comportamento problemático, sem uma causa aparente, pode ser o resultado de uma doença emocional e não uma falha de carácter.
Há diversos exemplos de comportamentos problemáticos que, manifestados durante um longo período de tempo, podem indicar que a pessoa tem uma perturbação emocional. Inclui-se neste caso a agressividade, a tristeza excessiva, a preocupação exagerada, a falta de confiança nos outros, o egoísmo e avareza, o abandono e dependência, o fraco controlo emocional e a hipocondria.

Há muitos tipos diferentes de doenças mentais, tais como:


DEPRESSÃO E DOENÇA MANÍACO-DEPRESSIVA

A Depressão é uma doença mental que pode afectar o humor durante longos períodos de tempo. Os sintomas incluem: perturbação do apetite e do sono, fadiga e perda de energia, sentimentos de inutilidade, culpa e incapacidade, falta de concentração e preocupação com a morte, desinteresse, apatia e tristeza.
A Depressão pode afectar pessoas de todas as idades, desde a infância à terceira idade e, sem tratamento, pode conduzir ao suicídio.
A Doença Maníaco-Depressiva ou Doença Bipolar é também uma doença mental caracterizada por oscilações do humor, havendo períodos de extrema exaltação e outros de depressão profunda.
A fase maníaca manifesta-se por um comportamento hiperactivo, com euforia ou irritabilidade, insónia, discurso e pensamento rápido e, por vezes, ideias de grandeza.

ESQUIZOFRENIA

A Esquizofrenia é uma doença mental grave e crónica que, sem tratamento, impossibilita a pessoa de se comportar normalmente na família, no trabalho e na comunidade.
Os sintomas incluem: - Alucinações (“vozes” e outras), delírios ou falsas crenças patológicas que não são corrigíveis pela razão, pensamento desorganizado, alterações dos afectos, das emoções, do juízo crítico e de vontade.
A pessoa que sofre de esquizofrenia pode falar incoerentemente, deixar de falar, ter respostas emocionais desadequadas, humor embotado ou neutro, ausência de respostas emocionais ou períodos longos de exaltação ou depressão, ideias de perseguição e grandeza ou outras de conteúdo fantástico. Com um tratamento farmacológico adequado, grande parte destes sintomas atenuam-se ou desaparecem.

PERTURBAÇÕES ANSIOSAS

Há três principais tipos de perturbações ansiosas:

-Fobias
-Perturbação de Pânico
-Perturbação Obsessivo-Compulsiva
As pessoas com Fobias sentem imenso terror quando confrontadas com situações específicas (estarem em locais superlotados ou terem de falar em público) ou com certos objectos ( pontes ou animais, por exemplo).
As fobias podem impedir a pessoa de ter uma vida normal, obrigando o indivíduo a fazer adaptações na actividade diária, evitando essas situações ou objectos.
A Perturbação do Pânico é caracterizada pelo aparecimento repentino de um sentimento de terror (pânico), sem causa aparente. Durante o ataque de pânico, a pulsação aumenta, a respiração torna-se rápida e o doente pode suar ou ficar com vertigens. A pessoa passa a recear constantemente que as crises se repitam.
Quem sofre de Doença Obsessivo-Compulsiva tem pensamentos repetitivos, persistentes, involuntários, de conteúdo estranho ao Eu e a propensão a comportamentos ritualizados, que o doente não consegue controlar, tais como lavar constantemente as mãos, verificar repetidas vezes, contar, arrumar etc...

PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

A Anorexia Nervosa e a Bulimia são doenças do comportamento alimentar, em ligação com a imagem corporal e o controle do impulso alimentar. Podem ser graves.
Na Anorexia o doente não come, chegando a passar fome, devido a uma distorcida imagem corporal, que lhe causa aversão à comida.
A Bulimia é um ciclo de “encher” (consumindo grandes quantidades de comida) e “purgar” (quer induzindo o vómito, quer pelo abuso de laxantes).
Quem sofre de Anorexia ou Bulimia tem uma preocupação excessiva com a comida e um medo irracional de ficar gordo. 90% dos doentes com Anorexia e Bulimia são do sexo feminino.


ESTIGMA

Ninguém duvida que há um estigma ligado a quem tenha doença mental. Este estigma ou preconceito isola o indivíduo em relação aos outros, como se fosse uma pessoa marcada pelo passado de doença.
O estigma abrange aqueles que tiveram ou têm uma doença mental.
As relações sociais ficam muitas vezes prejudicadas, como se o doente fosse um ser à parte, objecto, por isso, de uma discriminação rejeitante.
A discriminação contra as pessoas com doença mental pode tomar diversas formas:

-Uma rapariga que não é admitida na universidade porque supostamente não conseguiu os mínimos requeridos para a sua admissão, sem que lhe tivesse sido dada qualquer explicação.

-Um homem requereu a obtenção de uma casa subsidiada, tendo-lhe sido dito que não havia apartamentos vagos. Mais tarde vem a saber que duas casas tinham sido arrendadas a outras pessoas duas semanas depois de lhe terem sido negadas.

-Outra mulher trabalhou 6 meses como recepcionista. Quando explicou ao patrão que iria faltar algumas vezes ao trabalho por estar a fazer uma nova medicação para a sua doença mental, foi despedida.

Com base nesta discriminação , aqueles que se recompuseram de uma doença mental escondem-se frequentemente atrás de um “disfarce”, de modo a manter o seu passado secreto, quando se candidatam a novos empregos. À pergunta se já tiveram um colapso nervoso, respondem que não. Se um patrão previdente lhes pergunta a razão de uma falta mais prolongada ao trabalho, respondem que fizeram uma viagem.
Se têm problemas com uma nova medicação, explicam ser um tratamento para a diabetes ou para a tiróide.
A necessidade de esconder resulta de um receio fundado de se ser rejeitado e desvalorizado, devido a uma doença, como se esta fosse um mal.
O estigma à volta da doença mental pode tomar ainda uma forma menos evidente.
A mais prevalente e, simultaneamente, mais difícil de corrigir é a linguagem do dia-a-dia, quer oral, quer escrita. Embora a terminologia estigmatizante seja, em geral, demasiado óbvia, há também formas subtis.
Mesmo o uso generalizado do rótulo “doente mental” para classificar as pessoas com doenças mentais, pode tornar-se estigmatizante, para as pessoas como se fossem membros de um grupo indesejável, subentendendo-se que serão sempre “doentes mentais”, recusando-lhes o direito de serem considerados cidadãos como os outros.
Os “Media” podem contribuir muito para irradicar o estigma, promovendo a compreensão e educação do grande público acerca destas doenças, mas também podem ser prejudiciais ao divulgar conceitos errados e negativos, reforçando-o em grande escala.
Os debates televisivos e outros programas sensacionalistas mostram, com frequência, uma versão unilateral e negativa dos possíveis efeitos secundários causados por algumas formas de tratamento das doenças mentais, não apresentando ao público os tratamentos bem sucedidos, que ajudaram e ajudam milhões de pessoas a retomarem as suas vidas normais.
Alguns comediantes da moda, fazem pouco das pessoas que sofrem de doença mental, usando as suas incapacidades como uma fonte de humor mórbido e insalubre.
Alguns publicitários divulgam imagens estigmatizantes de pessoas com doenças mentais, como truques promocionais de anúncios, que vão desde a comida, aos automóveis, aos jogos de família e aos brinquedos.
O mais importante a reter pelos representantes dos “Media” e pelo público em geral é que os doentes mentais são pessoas como todas as outras. E que as doenças se tratam, como as outras.
As pessoas deverão ser julgadas pelos seus méritos próprios, e não pela doença de que sofrem e pelo estigma a ela ligado. Aliás, quando a doença é bem tratada medicamente, sobressai de novo a pessoa saudável numa grande percentagem de doentes. Houvesse os meios humanos, institucionais e terapêuticos à altura das necessidades!
Os preconceitos estigmatizantes são fruto da ignorância e de uma consciência social moralmente negativa. São ainda importantes os obstáculos que os doentes que sofrem ou sofreram de doenças mentais têm de desafiar e ultrapassar, no seu caminho para uma recuperação.
Tornando-nos mais atentos às doenças mentais, podemos contribuir para criar as merecidas oportunidades a estas pessoas, permitindo-lhes levar uma vida normal e um regresso à comunidade como membros produtivos, autoconfiantes e capazes de desenvolverem todo o seu potencial.

Estigma & Saúde Mental

A doença mental é com frequência relacionada com o mendigo que deambula pelas ruas, que fala sozinho, com a mulher que aparece na TV dizendo ter 16 personalidades e com o homicida “louco” que aparece nos filmes.
Palavras como “maluco”, “esquizofrénico”, “psicopata” e “maníaco”, são vulgarmente utilizadas na linguagem do dia-a-dia.
As pessoas olham-se e dizem: “Isto não me vai acontecer de modo nenhum, não sou maluco, venho de uma família sólida”, ou, então, “ a doença mental não me afecta, isso é problema dos outros.”
O Estigma relacionado com a doença mental provém do medo do desconhecido, dum conjunto de falsas crenças que origina a falta de conhecimento e compreensão.
Com este texto, procura-se que haja uma melhoria do conhecimento, desmistificando falsas crenças e estereótipos e fornecendo novos dados acerca da doença mental e das pessoas que dela sofrem.

ALGUNS CONCEITOS ERRADOS SOBRE DOENÇA MENTAL

As pessoas que sofrem de doenças mentais não irão nunca recuperar?

As doenças mentais tratam-se e muitos doentes recuperaram a saúde.

As doenças mentais devem ser encaradas do mesmo modo como se olha para as doenças físicas. Tal como o cancro e as doenças de coração, sabe-se que muitas doenças mentais têm causas definidas, requerendo cuidados e tratamento. Quando os cuidados e o tratamento são prestados, é de esperar uma melhoria ou recuperação, permitindo às pessoas regressarem à comunidade e retomarem vidas normais. Infelizmente, os preconceitos impedem que as pessoas, uma vez recuperadas das doenças mentais, consigam dar os passos para reingressar na vida vocacional, familiar e social, com total plenitude. Este obstáculo, vem bloquear os esforços que permitiriam que as suas vidas seguissem cursos tão normais e produtivos quanto possível.

As pessoas com doenças mentais são violentas e perigosas para a sociedade?
Essas pessoas apresentam tantos riscos de crime como os outros elementos da população em geral. Depois de recuperados e de regresso à comunidade, estes doentes têm maior tendência para se mostrarem ansiosos, tímidos e passivos, mais sujeitos a serem vítimas de crimes violentos, do que autores dos mesmos.
Uma pessoa que tenha tido acompanhamento psiquiátrico, mas sem passado criminal, tem menos probabilidades de vir a ser preso do que a média dos cidadãos.

As pessoas que receberam tratamento psiquiátrico são instáveis podendo perder o controlo a qualquer momento?
A maioria das pessoas com doenças mentais têm maior tendência para se afastarem do contacto social, do que de se confrontarem agressivamente com outros.
O receio que a sociedade tem da sua violência é infundado, não sendo uma razão válida para lhes serem negadas oportunidades de emprego, casa ou amizades. Os peritos afirmam que a maior parte das recaídas aparecem gradualmente e não de forma abrupta. Se os médicos, amigos, família e os próprios doentes estiverem atentos aos sinais premonitórios da doença, as crises podem facilmente ser detectadas e tratadas convenientemente, antes de se tornarem demasiado graves.

As pessoas que foram tratadas de perturbações mentais são empregados de baixa qualidade?
Muitas pessoas recuperadas de uma doença mental revelam-se excelentes empregados, havendo muitos patrões a declarar que são mais pontuais e assíduos que outros colegas. Demonstram serem iguais no que se refere à motivação, qualidade de trabalho e duração de tempo no emprego.
Entenda-se que algumas destas pessoas estão sujeitas a recaídas, que podem causar períodos de ausência dos seus empregos. No entanto, através de programas que permitam horários flexíveis e períodos laborais que se acomodem a estas interrupções, estas pessoas podem vir a ser empregados produtivos. É justo que lhes seja dada uma oportunidade.

As pessoas que recuperaram de uma doença mental estão mais indicadas para exercerem trabalhos de nível inferior, mas nunca posições de responsabilidade?
Em todas as pessoas, a capacidade de progressão numa carreira depende dos talentos pessoais, da destreza, da experiência e motivação. O mesmo se passa com as pessoas com doenças mentais. Tem havido muitos exemplos de pessoas que, tendo recuperado, foram colocados em lugares de muita responsabilidade. Podem mesmo ser personalidades destacadas. É apenas necessário algum encorajamento para que aqueles que recuperaram das doenças mentais, possam levar a cabo as suas tarefas com todas as suas potencialidades.

domingo, 28 de março de 2010

Tratamento Farmacológico (Esquizofrenia)

Os antipsicóticos são eficazes no alívio dos sintomas da esquizofrenia em 70% dos casos.

Alguns deles, conhecidos como antipsicóticos típicos, inibem fortemente os receptores D2 da Dopamina das vias dopaminérgicas ligadas ao Sistema límbico do cérebro, e o seu sucesso constitui uma forte evidência da importância das alterações bioquímicas na patogenia da doença conhecida como hipótese dopamínica (que talvez sejam uma resposta secundária a eventos causadores da doença como o são as alterações comportamentais). O exemplo mais usual de antipsicótico típico é o haloperidol e a clorpromazina.

Outros inibem fracamente os receptores D2 da Dopamina, tendo ação inibidora serotoninérgica simultânea, conhecidos como antipsicóticos atípicos (clozapina por exemplo). Estes têm um sucesso maior sobre os casos refratários ao tratamento com antipsicóticos típicos ou sobre os casos com sintomatologia negativa predominante. Como leva a agranulocitose em cerca de 1% dos casos, deve ser conduzido um hemograma periódico conjuntamente à utilização da droga. Existe uma nova geração de antipsicóticos atípicos que não originaria agranulocitose como a risperidona e a olanzapina, que devem ser utilizados como primeira escolha por pacientes psicóticos, exceto nos casos em que o fator sócio-econômico tiver peso dominante (o custo de aquisição da droga é alto). Os antipsicóticos atípicos, justamente por agirem fracamente sobre os receptores D2, são uma evidência contrária à hipótese dopaminica.

Esquizofrenia e inteligência

Um estudo feito por pesquisadores americanos mostrou que a inteligência e a esquizofrenia podem estar ligadas por um gene que aumenta a habilidade do cérebro de pensar. O trabalho, desenvolvido no Instituto Nacional para Saúde Mental dos Estados Unidos, em Bethesda, no Estado de Maryland, indica que a esquizofrenia, condição psicótica que afeta cerca de 60 milhões de pessoas no mundo, pode ser o risco que determinadas pessoas têm de correr pelo desenvolvimento extraordinário de capacidades intelectuais. A pesquisa, publicada no Journal of Clinical Investigation, sugere que alguns dos fatores genéticos que envolvem as capacidades cognitivas podem apresentar problemas, deixando uma parcela dos indivíduos com maior chance de ter problemas mentais. Os pesquisadores examinaram uma variação comum de um gene, o DARPP-32, que faz com que a região do cérebro responsável pelo raciocínio mais sofisticado seja mais eficiente, melhorando o processo de transmissão de informações. Contudo, o gene também foi ligado à funções cerebrais registradas em pacientes com esquizofrenia. Uma investigação em 257 famílias com histórico de esquizofrenia mostrou que o gene é bastante comum entre pessoas com a doença. O gene amplia a capacidade de processamento de informação e, quando o cérebro funciona normalmente, o indivíduo ganha flexibilidade para pensar e desempenho da memória. Entretanto, outros genes e as condições de vida do indivíduo podem fazer com que o cérebro encontre dificuldades para gerenciar esse ganho, ocasionando um efeito colateral. "Seria o equivalente neurológico de uma mega-rodovia terminando num beco sem saída", comparou o pesquisador Daniel Weinberger, em entrevista ao jornal britânico The Times. Os cientistas suspeitam que a esquizofrenia possa ser um "efeito secundário" de ter uma inteligência acima da média e que resulta de uma dificuldade do cérebro em lidar com as capacidades "extras".A esquizofrenia é uma condição que pode causar alucinações e delírios. Estima-se que cerca de 1% da população do mundo tenha sintomas da doença. Na história, há vários exemplos de nomes famosos que foram diagnosticados como esquizofrênicos, como o matemático John Forbes Nash (retratado no filme Uma Mente Brilhante), o músico Syd Barrett, ex-guitarrista do grupo Pink Floyd, o escritor americano Jack Kerouac e o poeta e dramaturgo francês Antonin Artaud.

Paginas de uma vida em branco I

Hoje acordei me sentindo vazio, as lembranças me ferem muito mais do que eu mesmo.
Machucam, dilaceram minha alma. Não há nada que eu possa fazer pra me sentir melhor, Oh Deus por que não responde as minhas suplicas?
As vozes em minha mente me deixam louco, cem, mil, milhões de vozes me corrompendo.
Me vejo ao longe caminhando entre os mortos em um mar de sangue, embriagado na minha dor outra vez, vitima de mim mesmo. Eu quero gritar, chorar, correr para longe disso tudo mas não posso, não consigo. O anjo do Senhor chegou até mim, os estigmas em minha pele são tão irreais, então eu mergulho nesse oceano escuro em que me encontro, deixo as vozes me levarem, aceito o que esta acontecendo comigo, então o toque da navalha na minha pele desperta me desse pesadelo, agora estou sozinho, perdido e com frio e não há nenhum Deus comigo.
Até quando viverei assim ? não sei por quando tempo posso aguentar.
Deus leve minha vida, tenha piedade de minha alma e conforte meu espirito.
Agora fecho meu olhos, ainda imerso tento respirar, o sangue que cai de mim é como as lagrimas nas faces dos anjos. Se alguém puder me ouvir me ajude, me faça sentir que estou vivo. Venha me libertar ...
Viagem noturna da alma
Travessia ao submundo das sombras
Pesadelos que alimentam
Espasmos de Pavor

Vida de máscaras e disfarces
Sem vontade própria
Desconhece a si mesmo
Deixa-se cair... mergulha em pranto.

Abismo profundo de dor
Vida mesquinha, circunscrita
Distorcido juízo de valor
Desilusão pela vida

Recalque de vontade de seguir
Mundo de sombras
Negativismo interior
Falta ânimo para viver.

Por vezes órfão de pais vivos,
Aversão inexplicável
Não consegue “digerir” sua existência
Vida abalada por tempestade e tormento.

Goles de melancolia e amargura
Faz com que saia dos trilhos
Não enxerga em si mesmo a responsabilidade por seus atos
Está sempre por um fio...

Solidão abissal
Sensação pavorosa de vazio
Falta luz na escuridão do desespero!

sábado, 27 de março de 2010

"Por que será que, quando falamos com Deus, dizem que estamos rezando, e quando Deus fala conosco dizem que somos esquizofrênicos?"
Memórias consomem
Como abrir uma ferida
estou afundando outra vez
vc supõe tudo
A não ser que comece tudo de novo
Não quero ser aquele
Que as batalhas sempre escolhem
Mas por dentro eu sinto
Que sou o mais confuso

Não sei pelo que estou lutando
Ou por que tenho que gritar
Não sei por que instigo
E faço coisas que não queria fazer
Não sei como fiquei desse jeito
Mas sei que não é certo
Então estou,
Quebrando o hábito esta noite.

Dominando minha cura
Tento retomar minha respiração
Me machuco muito mais
Do que já fiz antes
Outra vez fiquei sem opções

Vou escrever nas paredes
Por que sou eu quem tem a culpa
Não vou lutar outra vez
Pois é assim que termina.

Esquizofrenia.

O que é?

Apesar da exata origem não estar concluída, as evidências indicam mais e mais fortemente que a esquizofrenia é um severo transtorno do funcionamento cerebral. A Dra Nancy Andreasen disse: "As atuais evidências relativas às causas da esquizofrenia são um mosaico: a única coisa clara é a constituição multifatorial da esquizofrenia. Isso inclui mudanças na química cerebral, fatores genéticos e mesmo alterações estruturais. A origem viral e traumas encefálicos não estão descartados. A esquizofrenia é provavelmente um grupo de doenças relacionadas, algumas causadas por um fator, outras, por outros fatores".
A questão sobre a existência de várias esquizofrenias e não apenas uma única doença não é um assunto novo. Primeiro, pela diversidade de manifestações como os sub-tipos paranóide, hebefrênico e catatônico além das formas atípicas, que são conhecidas há décadas. Segundo, por analogia com outras áreas médicas como o câncer. O câncer para o leigo é uma doença que pode atingir diferentes órgãos. Na verdade trata-se de várias doenças com manifestação semelhante. Para cada tipo de câncer há uma causa distinta, um tratamento específico em chances de cura distintas. São, portanto, várias doenças. Na esquizofrenia talvez seja o mesmo e o simples fato de tratá-la como uma doença só que atrapalha sua compreensão. Poucos sabemos sobre essa doença. O máximo que conseguimos foi obter controle dos sintomas com os antipsicóticos. Nem sua classificação, que é um dos aspectos fundamentais da pesquisa, foi devidamente concluída.

Como Começa?

A esquizofrenia pode desenvolver-se gradualmente, tão lentamente que nem o paciente nem as pessoas próximas percebem que algo vai errado: só quando comportamentos abertamente desviantes se manifestam. O período entre a normalidade e a doença deflagrada pode levar meses.
Por outro lado há pacientes que desenvolvem esquizofrenia rapidamente, em questão de poucas semanas ou mesmo de dias. A pessoa muda seu comportamento e entra no mundo esquizofrênico, o que geralmente alarma e assusta muito os parentes.
Não há uma regra fixa quanto ao modo de início: tanto pode começar repentinamente e eclodir numa crise exuberante, como começar lentamente sem apresentar mudanças extraordinárias, e somente depois de anos surgir uma crise característica.
Geralmente a esquizofrenia começa durante a adolescência ou quando adulto jovem. Os sintomas aparecem gradualmente ao longo de meses e a família e os amigos que mantêm contato freqüente podem não notar nada. É mais comum que uma pessoa com contato espaçado por meses perceba melhor a esquizofrenia desenvolvendo-se. Geralmente os primeiros sintomas são a dificuldade de concentração, prejudicando o rendimento nos estudos; estados de tensão de origem desconhecida mesmo pela própria pessoa e insônia e desinteresse pelas atividades sociais com conseqüente isolamento. A partir de certo momento, mesmo antes da esquizofrenia ter deflagrado, as pessoas próximas se dão conta de que algo errado está acontecendo. Nos dias de hoje os pais pensarão que se trata de drogas, os amigos podem achar que são dúvidas quanto à sexualidade, outros julgarão ser dúvidas existenciais próprias da idade. Psicoterapia contra a vontade do próprio será indicada e muitas vezes realizada sem nenhum melhora para o paciente. A permanência da dificuldade de concentração levará à interrupção dos estudos e perda do trabalho. Aqueles que não sabem o que está acontecendo, começam a cobrar e até hostilizar o paciente que por sua vez não entende o que está se passando, sofrendo pela doença incipiente e pelas injustiças impostas pela família. É comum nessas fases o desleixo com a aparência ou mudanças no visual em relação ao modo de ser, como a realização de tatuagens, piercing, cortes de cabelo, indumentárias estranhas e descuido com a higiene pessoal. Desde o surgimento dos hippies e dos punks essas formas estranhas de se apresentar, deixaram de ser tão estranhas, passando mesmo a se confundirem com elas. O que contribui ainda mais para o falso julgamento de que o filho é apenas um "rebelde" ou um "desviante social".
Muitas vezes não há uma fronteira clara entre a fase inicial com comportamento anormal e a esquizofrenia propriamente dita. A família pode considerar o comportamento como tendo passado dos limites, mas os mecanismos de defesa dos pais os impede muitas vezes de verem que o que está acontecendo; não é culpa ou escolha do filho, é uma doença mental, fato muito mais grave.
A fase inicial pode durar meses enquanto a família espera por uma recuperação do comportamento. Enquanto o tempo passa os sintomas se aprofundam, o paciente apresenta uma conversa estranha, irreal, passa a ter experiências diferentes e não usuais o que leva as pessoas próximas a julgarem ainda mais que o paciente está fazendo uso de drogas ilícitas. É possível que o paciente já esteja tendo sintomas psicóticos durante algum tempo antes de ser levado a um médico.
Quando um fato grave acontece não há mais meios de se negar que algo muito errado está acontecendo, seja por uma atitude fisicamente agressiva, seja por tentativa de suicídio, seja por manifestar seus sintomas claramente ao afirmar que é Jesus Cristo ou que está recebendo mensagens do além e falando com os mortos. Nesse ponto a psicose está clara, o diagnóstico de psicose é inevitável. Nessa fase os pais deixam de sentir raiva do filho e passam a se culpar, achando que se tivessem agido antes nada disso estaria acontecendo, o que não é verdade. Infelizmente o tratamento precoce não previne a esquizofrenia, que é uma doença inexorável. As medicações controlam parcialmente os sintomas: não normalizam o paciente. Quando isso acontece é por remissão espontânea da doença e por nenhum outro motivo.

O Diagnóstico

Não há um exame que diagnostique precisamente a esquizofrenia, isto depende exclusivamente dos conhecimentos e da experiência do médico, portanto é comum ver conflitos de diagnóstico. O diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas que o paciente apresenta e a história como esses sintomas foram surgindo e se desenvolvendo. Existem critérios estabelecidos para que o médico tenha um ponto de partida, uma base onde se sustentar, mas a maneira como o médico encara os sintomas é pessoal. Um médico pode considerar que uma insônia apresentada não tenha maior importância na composição do quadro; já outro médico pode considerá-la fundamental. Assim os quadros não muito definidos ou atípicos podem gerar conflitos de diagnóstico.

O Curso

Que a esquizofrenia é doença grave ninguém duvida, pois afeta as emoções, o pensamento, as percepções e o comportamento. Mas o que dizer de uma gravidade que pode não deixar seqüelas nem ameaçar a vida da pessoa, mas pelo contrário permite o restabelecimento da normalidade? A gravidade então não está tanto no diagnóstico: está mais no curso da doença.
Classicamente a distinção que Kraepelin fez entre esquizofrenia (demência precoce) e o transtorno bipolar (psicose cíclica) foi a possibilidade de recuperação dos cicladores, enquanto os esquizofrênicos se deterioravam e não se recuperavam. Talvez a partir daí criou-se uma tendência a considerar-se a esquizofrenia irrecuperável. Não resta a menor dúvida de que muitos casos não se recuperam, mas há exceções e quando eles surgem toda a regra passa a ser duvidosa, pois se perdem os limites sobre os quais se operava com segurança. Há dois motivos básicos que justificam a falta de segurança sobre o curso da esquizofrenia:
1- Falta de critérios uniformes nas pesquisas passadas sobre o assunto.
2- Dificuldade de se acompanhar ao longo de vários anos um grupo grande de pacientes.
Faz apenas um pouco mais de 10 anos que se editou pela Organização Mundial de Saúde, critérios objetivos e claros para a realização do diagnóstico da esquizofrenia. Na versão anterior, o CID 9, os critérios eram "frouxos" permitindo diferenças consideráveis nos parâmetros adotados entre os estudos; assim as disparidades de resultados entre eles era inaceitável terminando com a indefinição a respeito do curso da esquizofrenia. Algumas psicoses são naturalmente transitórias e únicas na vida de uma pessoa. Se por engano essas são consideradas como esquizofrênicas gera-se conflito ao se comparar com estudos cujos critérios exigiam um período mínimo de meses na duração da psicose. Mesmo que durem muitos anos as psicoses não podem ser confundidas com a personalidade esquizóides. Assim, devido à falta de rigor na realização dos diagnósticos não podemos ter segurança nos estudos anteriores ao CID 10 ou ao DSM-III (para os estudos que se basearam nos critérios americanos); portanto as conclusões desses estudos não podem determinar nossa conduta atual. Apesar do CID 10 ter criado uma técnica comprovadamente mais confiável e precisa de se diagnosticar a esquizofrenia o problema não está resolvido. Somente com o tempo e com mais pesquisas saberemos se os critérios hoje adotados estão corretos, se correspondem à realidade. Caso no futuro se constate que ainda são insuficientes, as pesquisas feitas com os critérios do CID 10 também serão desacreditadas. As pesquisas precisam dizer se o que estamos diagnosticando é uma doença com vários cursos naturais ou se são na verdade várias doenças cada qual com seu curso próprio. Perante essas dificuldades entendemos por que são tão almejadas técnicas biológicas, como as de imagem da tomografia por emissão de pósitrons, para se estudar as esquizofrenias.
Dentre vários estudos publicados na última década sobre o curso da esquizofrenia, selecionamos um para ilustrar a diversidade de resultados e dificuldade de avaliação. Quanto mais difíceis de análise um estudo, mais sujeito à falhas e conclusões erradas ele está.
Nesse trabalho foram selecionadas seis pessoas que tinham preenchido, dez anos antes, critérios para esquizofrenia, sendo que todos alcançaram remissão completa do quadro. Com esse tipo de estudo torna-se possível verificar se a remissão detectada na época seria permanente ou uma fase de melhoria antes da cronicidade permanente. Como resultado, mesmo num grupo tão pequeno, constatou-se vários cursos distintos. Três permaneciam em remissão completa, um seguia um curso deteriorante contínuo e dois apresentavam flutuações dos sintomas. Não foram identificadas diferenças clínicas que distinguisse os pacientes. Para se dizer se o paciente estava com ou sem sintomas psicóticos foi usado um questionário estruturado de entrevista para todos, acurando, assim, possíveis "defeitos" deixados pela psicose prévia.
Psychiatry, 61(1):20-34 1998 Spring Torgalsbøen AK; Rund BR
Desse estudo podemos ver que a remissão completa não é garantia de cura. Esse dado aparentemente banal é importantíssimo no relacionamento com o paciente e sua família por que 100% deles perguntam se ficarão bem, se voltarão a ser o que eram. No atual momento nenhum profissional da saúde mental pode afirmar o que acontecerá. Dizer que não vai melhorar é provocar uma iatrogenia, dizer que vai ficar bom pode ser ilusório o que posteriormente custará a confiança no profissional.

O que causa?

Sobre a causa da esquizofrenia só sabemos duas coisas: é complexa e multifatorial. O cérebro, por si, possui um funcionamento extremamente complexo e em grande parte desconhecido. Essa complexidade aumenta se considerarmos, e temos de considerar, que o funcionamento do cérebro depende do funcionamento de outras partes do corpo como os vasos sangüíneos, o metabolismo do fígado, a filtragem do rim, a absorção do intestino, etc. Por fim, se considerando outras variáveis nada desprezíveis como o ambiente social e familiar, a complexidade se torna inatingível para os recursos de que dispomos. Provavelmente a esquizofrenia é resultado disso tudo. Na história da Medicina as doenças foram descobertas muitas vezes pelos grupos ou atividades de risco. As pessoas que passavam em determinado local e contraíam doenças comuns àquela região abriam precedentes nas pesquisas. Locais onde o solo era pobre em iodo, as pessoas adquiriam bócio; locais onde havia certos mosquitos as pessoas podiam adquirir malária, dengue, febre amarela. Locais infestados por ratos, adquirir leptospirose. Com a esquizofrenia, nunca se conseguiu identificar fatores de risco, exceto o parentesco com algum esquizofrênico. Este fato dificulta as investigações porque não fornece as pistas nas quais os pesquisadores médicos precisam se basear para pesquisar. Como não há pistas, somos obrigados a escolher um tema que por intuição pode se relacionar à esquizofrenia e investigá-lo. É isto que tem sido feito.
Teoria Bioquímica
A mais aceita em parte devido ao sucesso das medicações: as pessoas com esquizofrenia sofrem de um desequilíbrio neuroquímico, portanto falhas na comunicação celular do grupo de neurônios envolvidos no comportamento, pensamento e senso-percepção.
Teoria do Fluxo Sangüíneo Cerebral
Com as modernas técnicas de investigação das imagens cerebrais (Tomografia por Emissão de Pósitrons- TEP) os pesquisadores estão descobrindo áreas que são ativadas durante o processamento de imagens sejam elas normais ou patológicas. As pessoas com esquizofrenia parecem ter dificuldade na "coordenação" das atividades entre diferentes áreas cerebrais. Por exemplo, ao se pensar ou falar, a maioria das pessoas mostra aumento da atividade nos lobos frontais, juntamente a diminuição da atividade de áreas não relacionadas a este foco, como a da audição. Nos pacientes esquizofrênicos observamos anomalias dessas ativações. Por exemplo, ativação da área auditiva quando não há sons (possivelmente devido a alucinações auditivas), ausência de inibição da atividade de áreas fora do foco principal, incapacidade de ativar como a maioria das pessoas, certas áreas cerebrais.
A TEP mede a intensidade da atividade pelo fluxo sangüíneo: uma região cerebral se ativa, recebendo mais aporte sangüíneo, o que pode ser captado pelo fluxo sangüíneo local. Ela mostrou um funcionamento anormal, mas por enquanto não temos a relação de causa e efeito entre o que as imagens revelam e a doença: ou seja, não sabemos se as anomalias, o déficit do fluxo sangüíneo em certas áreas, são a causa da doença ou a conseqüência da doença.
Teoria Biológica Molecular
Especula-se a respeito de anomalias no padrão de certas células cerebrais na sua formação antes do nascimento. Esse padrão irregular pode direcionar para uma possível causa pré-natal da esquizofrenia ou indicar fatores predisponentes ao desenvolvimento da doença.
Teoria Genética
Talvez essa seja a mais bem demonstrada de todas as teorias. Nas décadas passadas vários estudos feitos com familiares mostrou uma correlação linear e direta entre o grau de parentesco e as chances de surgimento da esquizofrenia. Pessoas sem nenhum parente esquizofrênico têm 1% de chances de virem a desenvolver esquizofrenia; com algum parente distante essa chance aumenta para 3 a 5%. Com um pai ou mãe aumenta para 10 a 15%, com um irmão esquizofrênico as chances aumentam para aproximadamente 20%, quando o irmão possui o mesmo código genético (gêmeo idêntico) as chances de o outro irmão vir a ter esquizofrenia são de 50 a 60%.A teoria genética, portanto explica em boa parte de onde vem a doença. Se explicasse tudo, a incidência de esquizofrenia entre os gêmeos idênticos seria de 100%.
Teoria do Estresse
O estresse não causa esquizofrenia, no entanto o estresse pode agravar os sintomas. Situações extremas como guerras, epidemias, calamidades públicas não fazem com que as pessoas que passaram por tais situações tenham mais esquizofrenia do que aquelas que não passaram.
Teoria das Drogas
Não há provas de que drogas lícitas ou ilícitas causem esquizofrenia. Elas podem, contudo, agravar os sintomas de quem já tem a doença. Certas drogas como cocaína ou estimulantes podem provocar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia, mas não há evidências que cheguem a causá-la.
Teoria Nutricional
A alimentação balanceada é recomendável a todos, mas não há provas de que a falta de certas vitaminas desencadeie esquizofrenia nas pessoas predispostas. As técnicas de tratamento por megadoses de vitaminas não têm fundamento estabelecido por enquanto.
Teoria Viral
A teoria de que a infecção por um vírus conhecido ou desconhecido desencadeie a esquizofrenia em pessoas predispostas foi muito estudada. Hoje essa teoria vem sendo abandonada por falta de evidências embora muitos autores continuem considerando-a como possível fator causal.
Teoria Social
Fatores sociais como desencadeantes da esquizofrenia sempre são levantados, mas pela impossibilidade de estudá-las pelos métodos hoje disponíveis, nada se pode afirmar a seu respeito. Toda pesquisa científica precisa isolar a variável em estudo.No caso do ambiente social não há como fazer isso sem ferir profundamente a ética.



Quando um filho tem Esquizofrenia

Quando um filho tem esquizofrenia, ele sofre e sofre também a família. Num primeiro movimento, tenta-se esconder a doença por causa do preconceito social. Quando a doença não passa, os sonhos se desfazem, a preservação da imagem não tem mais sentido porque a doença é mais grave que o preconceito. A desesperança surge junto com a tristeza e o sentimento de perda da vida, da perspectiva, do futuro daquele que adoeceu tem que ser superado. A doença não pede licença: impõe e obriga-nos a mudar de postura diante da vida, diante da dor. A esquizofrenia não pode ser encarada como uma desgraça: tem que ser vista como uma barreira natural para nossos planos e desejos pessoais. Quando alguém na família adquire esquizofrenia é necessário que toda a família mude, se adapte para continuar sendo feliz apesar da dor. Os artigos científicos não publicam, mas o ser humano é capaz de ser feliz apesar da doença.
A esquizofrenia é uma doença incapacitante e crônica, que ceifa a juventude e impede o desenvolvimento natural. Geralmente se inicia no fim da adolescência ou no começo da idade adulta de forma lenta e gradual. O período de conflitos naturais da adolescência e a lentidão de seu início confundem as pessoas que estão próximas. Os sintomas podem ser confundidos com "crises existenciais", "revoltas contra o sistema", "alienação egoísta", uso de drogas, etc.

Sintomas Positivos e Negativos

A divisão dos sintomas psicóticos em positivos e negativos tem por finalidade dizer de maneira objetiva o estado do paciente. Tendo como ponto de referência a normalidade, os sintomas positivos são aqueles que não deveriam estar presentes como as alucinações, e os negativos aqueles que deveriam estar presentes mas estão ausentes, como o estado de ânimo, a capacidade de planejamento e execução, por exemplo. Portanto sintomas positivos não são bons sinais, nem os sintomas negativos são piores que os positivos.
Positivos
Alucinações - as mais comuns nos esquizofrênicos são as auditivas. O paciente geralmente ouve vozes depreciativas que o humilham, xingam, ordenam atos que os pacientes reprovam, ameaçam, conversam entre si falando mal do próprio paciente. Pode ser sempre a mesma voz, podem ser de várias pessoas podem ser vozes de pessoas conhecidas ou desconhecidas, podem ser murmúrios e incompreensíveis, ou claras e compreensíveis. Da mesma maneira que qualquer pessoa se aborrece em ouvir tais coisas, os pacientes também se afligem com o conteúdo do que ouvem, ainda mais por não conseguirem fugir das vozes. Alucinações visuais são raras na esquizofrenia, sempre que surgem devem pôr em dúvida o diagnóstico, favorecendo perturbações orgânicas do cérebro.
Delírios - Os delírios de longe mais comuns na esquizofrenia são os persecutórios. São as idéias falsas que os pacientes têm de que estão sendo perseguidos, que querem matá-lo ou fazer-lhe algum mal. Os delírios podem também ser bizarros como achar que está sendo controlado por extraterrestres que enviam ondas de rádio para o seu cérebro. O delírio de identidade (achar que é outra pessoa) é a marca típica do doente mental que se considera Napoleão. No Brasil o mais comum é considerar-se Deus ou Jesus Cristo.
Perturbações do Pensamento - Estes sintomas são difíceis para o leigo identificar: mesmos os médicos não psiquiatras não conseguem percebê-los, não porque sejam discretos, mas porque a confusão é tamanha que nem se consegue denominar o que se vê. Há vários tipos de perturbações do pensamento, o diagnóstico tem que ser preciso porque a conduta é distinta entre o esquizofrênico que apresenta esse sintoma e um paciente com confusão mental, que pode ser uma emergência neurológica.
Alteração da sensação do eu - Assim como os delírios, esses sintomas são diferentes de qualquer coisa que possamos experimentar, exceto em estados mentais patológicos. Os pacientes com essas alterações dizem que não são elas mesmas, que uma outra entidade apoderou-se de seu corpo e que já não é ela mesma, ou simplesmente que não existe, que seu corpo não existe.
Negativos
Falta de motivação e apatia - Esse estado é muito comum, praticamente uma unanimidade nos pacientes depois que as crises com sintomas positivos cessaram. O paciente não tem vontade de fazer nada, fica deitado ou vendo TV o tempo todo, freqüentemente a única coisa que faz é fumar, comer e dormir. Descuida-se da higiene e aparência pessoal. Os pacientes apáticos não se interessam por nada, nem pelo que costumavam gostar.
Embotamento afetivo - As emoções não são sentidas como antes. Normalmente uma pessoa se alegra ou se entristece com coisas boas ou ruins respectivamente. Esses pacientes são incapazes de sentir como antes. Podem até perceber isso racionalmente e relatar aos outros, mas de forma alguma podem mudar essa situação. A indiferença dos pacientes pode gerar raiva pela apatia conseqüente, mas os pacientes não têm culpa disso e muitas vezes são incompreendidos.
Isolamento social - O isolamento é praticamente uma conseqüência dos sintomas acima. Uma pessoa que não consegue sentir nem se interessar por nada, cujos pensamentos estão prejudicados e não consegue diferenciar bem o mundo real do irreal não consegue viver normalmente na sociedade.
Os sintomas negativos não devem ser confundidos com depressão. A depressão é tratável e costuma responder às medicações, já os sintomas negativos da esquizofrenia não melhoram com nenhum tipo de antipsicótico. A grande esperança dos novos antipsicóticos de atuarem sobre os sintomas negativos não se concretizou, contudo esses sintomas podem melhorar espontaneamente.

Como reconhecer a esquizofrenia ainda no começo?

O reconhecimento precoce da esquizofrenia é uma tarefa difícil porque nenhuma das alterações é exclusiva da esquizofrenia incipiente; essas alterações são comuns a outras enfermidades, e também a comportamentos socialmente desviantes mas psicologicamente normais . Diagnosticar precocemente uma insuficiência cardíaca pode salvar uma vida, já no caso da esquizofrenia a única vantagem do diagnóstico precoce é poder começar logo um tratamento, o que por si não implica em recuperação. O diagnóstico precoce é melhor do que o diagnóstico tardio, pois tardiamente muito sofrimento já foi imposto ao paciente e à sua família, coisa que talvez o tratamento precoce evite. O diagnóstico é tarefa exclusiva do psiquiatra, mas se os pais não desconfiam de que uma consulta com este especialista é necessária nada poderá ser feito até que a situação piore e a busca do profissional seja irremediável. Qualquer pessoa está sujeita a vir a ter esquizofrenia; a maioria dos casos não apresenta nenhuma história de parentes com a doença na família. Abaixo estão enumeradas algumas dicas: como dito acima, nenhuma delas são características mas servem de parâmetro para observação.


-Dificuldade para dormir, alternância do dia pela noite, ficar andando pela casa a noite, ou mais raramente dormir demais
-Isolamento social, indiferença em relação aos sentimentos dos outros
-Perda das relações sociais que mantinha
-Períodos de hiperatividade e períodos de inatividade
-Dificuldade de concentração chegando a impedir o prosseguimento nos estudos
-Dificuldade de tomar decisões e de resolver problemas comuns
-Preocupações não habituais com ocultismos, esoterismo e religião
-Hostilidade, desconfiança e medos injustificáveis
-Reações exageradas às reprovações dos parentes e amigos
-Deterioração da higiene pessoal
-Viagens ou desejo de viajar para lugares sem nenhuma ligação com a situação pessoal e sem propósitos específicos
-Envolvimento com escrita excessiva ou desenhos infantis sem um objetivo definido
-Reações emocionais não habituais ou características do indivíduo
-Falta de expressões faciais (Rosto inexpressivo)
-Diminuição marcante do piscar de olhos ou piscar incessantemente
-Sensibilidade excessiva a barulhos e luzes
-Alteração da sensação do tato e do paladar
-Uso estranho das palavras e da construção das frases
-Afirmações irracionais
-Comportamento estranho como recusa em tocar as pessoas, penteados esquisitos, ameaças de auto-mutilação e ferimentos provocados em si mesmo
-Mudanças na personalidade
-Abandono das atividades usuais
-Incapacidade de expressar prazer, de chorar ou chorar demais injustificadamente, risos imotivados
-Abuso de álcool ou drogas
-Posturas estranhas
-Recusa em tocar outras pessoas

Nenhum desses sinais por si comprovam doença mental, mas podem indicá-la. Pela faixa etária esses sinais podem sugerir envolvimento com drogas, personalidade patológica ou revolta típica da idade. Diferenciar a esquizofrenia do envolvimento com drogas pode ser feito pela observação da preocupação constante com dinheiro, no caso de envolvimento com drogas, coisa rara na esquizofrenia. A personalidade patológica não apresenta mudanças no comportamento, é sempre desviante, desde as tenras idades. Na esquizofrenia incipiente ainda que lentamente, ocorre uma mudança no curso do comportamento da pessoa, na personalidade patológica não. Na revolta típica da adolescência sempre haverá um motivo razoável que justifique o comportamento, principalmente se os pais tiverem muitos conflitos entre si.

A Família do esquizofrênico

O paciente esquizofrênico sofre intensamente com sua condição e sua família também, não há como isto ser evitado. Infelizmente os programas político-sociais de reinserção dos doentes mentais na sociedade simplesmente ignoram o sofrimento e as necessidades da família, que são enormes. Esta é vista como desestruturada, fria, indiferente ou mesmo hostil ao paciente. Da mesma forma que o paciente esquizofrênico sofre duas vezes, pela doença e pelo preconceito, a família também sofre duas vezes, com a doença do filho e com a discriminação e incompreensão sociais. Num país pobre como o Brasil, a assistência à família do esquizofrênico tem que ser um programa governamental indispensável, para que se possa preservar o desempenho social (estudo, trabalho, profissão) dos parentes dos pacientes esquizofrênicos. O nível de recuperação que se tem com o tratamento da esquizofrenia é muito baixo; os irmãos saudáveis desses pacientes devem ser amparados para não terem suas vidas impedidas de se desenvolver por causa da esquizofrenia de um irmão.
A título de reumanização do tratamento dos esquizofrênicos, pretende-se fechar os hospitais psiquiátricos alocando-os para outros serviços que não incluem atendimento às necessidades dos parentes dos esquizofrênicos. Como está, esse projeto não apenas piorará a situação do paciente, como também de sua família. Os problemas que geralmente ocorrem na família dos esquizofrênicos são os seguintes:

-Pesar... "Sentimos como se tivéssemos perdido nosso filho"
-Ansiedade... "Temos medo de deixá-lo só ou de ferir seus sentimentos"
-Medo... "Ele poderá fazer mal a si mesmo ou a outras pessoas?"
-Vergonha e culpa... "Somos culpados disso? O que os outros pensarão?"
-Sentimento de isolamento... "Ninguém nos compreende"
-Amargura... "Por que isso aconteceu conosco?"
-Depressão... "Não consigo falar nisso sem chorar?"
-Negação da doença... "Isso não pode acontecer na nossa família"
-Negação da gravidade... "Isso daqui a pouco passa"
-Culpa recíproca... "Não fosse por aquele seu parente esquisito..."
-Incapacidade de pensar ou falar de outra coisa que não seja a doença... "Toda nossa vida gira em torno do nosso filho doente"
-Problemas conjugais... "Minha relação com meu marido tornou-se fria, sinto-me morta por dentro"
-Separação... "Não agüento mais minha mulher"
-Preocupação em mudar-se... "Talvez se nos mudarmos para outro lugar as coisas melhorem"
-Cansaço... "Envelheci duas vezes nos últimos anos"
-Esgotamento... "Sinto-me exausto, incapaz de fazer mais nada"
-Preocupação com o futuro... "O que acontecerá quando não estivermos presentes, o que será dele?"
-Uso excessivo de tranqüilizantes ou álcool... "Hoje faço coisas que nunca tinha feito antes"
-Isolamento social... "As pessoas até nos procuram, mas não temos como fazer os programas que nos propõem"
-Constante busca de explicações... "Será que isso aconteceu por algo que fizemos para ele?"
-Individualização... "Não temos mais vida familiar"
-Ambivalência... "Nós o amamos, mas para ficar assim preferíamos que se fosse..."

Sinais de boa recuperação

Tem sido observado que certos pacientes se recuperam mais freqüentemente do que outros. Nesse grupo foi identificado um grupo de características que pode servir como parâmetro, referência para boa recuperação. Esses sintomas não servem como garantia, mas aumentam as chances dessas pessoas de se recuperarem. Os sinais são os seguintes:


-Capacidade de sentir e expressar emoções (alegria, excitação, tristeza, desespero, etc.)
-Não apresentar sentimentos de grandiosidade.
-Apresentar alucinações (mais freqüentemente auditivas)
-Aparência de perplexidade no episódio agudo
-Não se isolar; não apresentar distúrbios do pensamento
-Idéias de perseguição e conduta de desconfiança também são sinais de bom prognóstico

Não há unanimidade quanto a esses sintomas, sempre haverá quem conteste a afirmação de que indicam bom prognóstico. Sintomas catatônicos (imobilidade ou excitação excessiva) e confusão mental apesar de aparentarem maior gravidade podem se resolver mais rapidamente deixando a pessoa sem problemas.
Um sinal importante de boa recuperação é a idade de início, quanto mais tarde mais chances de recuperação. A idade comum de início da esquizofrenia é o fim da adolescência e início da idade adulta podendo começar até aproximadamente 45 anos. Casos raros se dão após essa idade ou na infância.
As pessoas que sofreram traumatismos cranianos no nascimento ou ao longo da vida, assim como aquelas que sofreram infecções encefálicas.

Conselho aos pais

-Aprendam a reconhecer os sintomas iniciais, que possam indicar uma possível recaída antes do quadro completo se instalar.
-Procurar atendimento médico logo, sem adiamentos.
-Procurar aprender sobre a doença para melhor entender o filho em suas necessidades.
-Estabelecer expectativas realistas para a condição individual do filho doente.
-Observar e aprender para melhor poder relatar os sintomas.
-Saber respeitar seus próprios limites: você não poderá ajudar adequadamente enquanto estiver precisando de ajuda.
-Tentar o máximo possível estabelecer uma relação amistosa, com um objetivo e finalidade estabelecidos.
-Estimular parentes e amigos de seu filho a estabelecerem uma relação saudável.
-Comunicar-se de forma clara e objetiva, sem usar meias-palavras ou deixar mensagens subentendidas.
-Principalmente: ter um ambiente emocionalmente estável em casa. Expressões hostis mesmo que não direcionadas para a pessoa doente afetam e prejudicam o esquizofrênico. Não exercer cobranças sobre ele. Expressar as emoções tanto positivas (alegria) quanto as negativas (raiva) sempre com moderação.

Princípios para uso das medicações

Os remédios são a única alternativa para tratar a esquizofrenia, outras formas de terapia complementam, mas não substituem as medicações. Há, contudo, uma natural resistência ao uso delas e isso é apenas uma conseqüência da forma como se entende a doença. Se encararmos a medicação como algo estranho ao corpo a aversão se dará inevitavelmente, mas se encararmos as medicação como substâncias reguladoras de atividades cerebrais desequilibradas, podemos vê-las como amigas. O paciente não tem nenhuma culpa por uma parte do cérebro estar desregulado, mas pode usar o lado saudável (o bom senso) para tomar a decisão de se tratar. As medicações, portanto, só fazem ajustar o que estava desajustado. Infelizmente no caso da esquizofrenia não conhecemos medicações que realizem essa tarefa completamente, restabelecendo a normalidade do paciente. Mas por enquanto temos uma ajuda parcial. Meia dor é menos ruim que uma dor completa.

Eu vivo ou existo ?

Viver... sentir a vibração palpitante de um sorriso, ser leve como uma folha que se solta da arvore no outono, sem destino certo, sem pensar no amanhã.
Existir... Deixar os dias passarem, ser paenas uma existência vazia e solitário, que apenas lamenta por não ter dias melhores.

Creio eu, logo existo :(

Comunicado.

Neste blog serão postados assuntos ligados a Self Harm e outros tipos de comportamentos, tais como Distúrbio de Personalidade, Depressão, Bipolaridade, Esquiziofrenia, entre outros. Os assuntos abortados aqui nem sempre expressam minha opinião. Estou sujeito a criticas e sugestões. Agradeço desde já pela colaboração de todos vocês.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Traga me a vida

Como você pode olhar em meus olhos como se fossem portas abertas
Que o levam diretamente para meu âmago,
Onde me torno tão entorpecido e sem alma
Meu espírito adormecido de alguma forma esfriou
Até você descobri lo e leva lo de volta;

Desperte me por dentro, Desperte me por dentro
- Não consigo acordar
- Me salve
Chame meu nome e salve me da escuridão
Desperte me
Faça meu sangue correr
- Não consigo acordar
Antes que me desfaça
-Me salve
Salve me do nada que tornei...

Agora que sei no que me tornei
Você não pode me abandonar
Respire em mim e torne me real
Traga me a vida;

Desperte me por dentro, Desperte me por dentro
- Não consigo acordar
- Me salve
Chame meu nome e salve me da escuridão
Desperte me
Faça meu sangue correr
- Não consigo acordar
Antes que me desfaça
-Me salve
Salve me do nada que tornei...

Eu tenho vivido uma mentira
Não há nada aqui dentro
Traga me a vida;

Congelo me por dentro sem seu toque
Apenas sem seu amor
Você é a vida em meio a morte
-Todo esse tempo não pude acreditar
Que não podia ver
Estava no escuro
Mas você esta bem diante de mimm
Tenho de abrir meu olhos pra tudo
Sem um pensamento
Sem uma voz
Sem uma alma;

Não me deixe morrer aqui
Deve haver algo mais
Traga me a vida.

Desperte me por dentro, Desperte me por dentro
- Não consigo acordar
- Me salve
Chame meu nome e salve me da escuridão
Desperte me
Faça meu sangue correr
- Não consigo acordar
Antes que me desfaça
-Me salve
Salve me do nada que tornei...

Traga me a vida ...

Crise de Existência

Nunca fui mais que uma ilusão
Promessas sem cumprir
Não vou mais me iludir aqui
Minha paciência se esgotou
Vou procurar por mim
Em algum lugar que me perdi
Não estou certo qual é a direção
Começarei pelo meu coração
Que um dia já me pertenceu
Que um dia já ...
Vivo com a esperança
De que um dia possa me encontrar
Poder amenizar minha dor
O meu mundo desapareceu
Ninguém pode me ouvir gritar
Nem sinto minha presença aqui ...
Quando se esta morrendo, você pensa como você será lembrado pelo que fez.
Sabes o que ira acontecer quando eu me for?
As lágrimas irão secar, uma fortaleza de pedras se levantará sobre mim, os anjos velarão meu sono eterno e derramarão suas lágrimas de sangue sobre mim.
E a minha lembrança será um mero pensamento passado na mente dos hipócritas.

Antes de fazer o primeiro corte...

Antes de fazer seu primeiro corte, por favor, pense bem... Pense muito bem.
No inicio serão pequeno cortes, eles não serão profundos e rapidamente cicatrizarão.
Mas depois, eles se tornarão mais profundos, eles, infeccionarão, causarão até febre alta e alguns levarão semanas para cicatrizarem.
Cicatrizes feias ficarão para o resto de sua vida em sua pele;

Se você acha que pode controlar as partes do corpo em que vai se cortar, não se iluda.

Eles se espalharão como peste em todo seu corpo, vá se preparando como vai esconder e viver num constante estado de vergonha mesmo que você não queira, que seja a pessoa mais honesta do mundo, você se pegara mentindo as pessoas que você ama.

Se você tiver amigos, não deixara eles se aproximarem de você.

Se tiver um amor, a situação é ainda pior, você vai viver aterrorizando só de pensar na idéia de alguém ver, e se prepare para viver fora de controle preocupando do quando será seu próximo corte, e o quão grave ele ficará.


Um, dois, três cortes rapidamente se tornam dez, vinte, trinta.

Prepare-se para viver sua vida só pensando em se cortar, e esperar pelo sangue.

Ah!Espere também pela primeira vez que você se cortará profundamente,

Você vai ficar mal, com as pernas tremendo, querendo vomitar, querendo gritar, mas o vazio irá te sufocar e terá um gravíssimo ataque de pânico, o mais aterrorizante e que você não poderá contar com a ajuda de ninguém, então você ficara ali escondido, com vergonha de si mesmo, esperando ficar bem pra nunca mais faz isso, mas pode esperar você fará de novo, sim, cada vez pior, você vai viver tentando mentir pra si mesmo enquanto gasta tudo o que tem na farmácia; antibióticos, gases, esparadrapos, remédios, isso sem mencionar os pontos, se tornarão tão profundos que terá pontos pelo corpo inteiro, acontece.

Você vai começar a olhar as pessoas de um jeito diferente, a procura de marcas em seus corpos, então verá seus braços limpos e ira se sentir terrivelmente solitário.


Vai começar a fazer as coisas sozinho e quando se der conta já estará afastado e completamente só, vai vira uma rotina lavar roupas ensangüentadas no banheiro para que ninguém descubra.

Sua vida será limpar sangue do chão do banheiro, da pia, das toalhas, isso vai tomar um tempo enorme e pode dizer adeus a liberdade de usar roupas curtas, de ir à praia ou a uma piscina; essas coisas serão apenas belas e distantes lembranças pra você.

Se prepare para as coceiras terríveis, como se você estivesse com lepra, você se tornara um grande descobridor de seu corpo enquanto o destrói por completo, sutilmente vai querer voltar no tempo pra nunca ter feito seu primeiro corte. Você irá odiar fazer isso o tempo todo, mas infelizmente ñ vai conseguir parar, nunca para, como uma ferida antiga que nunca cicatriza.

Sou vitima de mim mesmo, sofro de self harm, se é que posso chamar de sofrimento algo pelo qual estou acostumado a viver.


Sinceramente, não me lembro quando foi meu primeiro corte.
Hoje estou com 25 anos, já fiz inúmeros tratamentos, fui parar em clinica psiquiátrica, mas nada adiantou. Mas não acostumava ser assim, nem sempre foi assim, vivendo em um pesadelo constante do qual não posso me libertar, mas eu quero parar, preciso parar, mas simplesmente não consigo. Por isso meu apelo desesperado á você, antes de fazer seu primeiro corte, antes de tocar a maldita lâmina em sua pele, por favor, reflita!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Eu sou o respirar da sua pele
Eu sou o veludo ao redor do seu corpo
Eu sou o beijo no seu pescoço
Eu sou o brilho dos seus cílios
Eu sou a abundância de seus cabelos
Eu sou o canto de seus olhos
Eu sou a impressão de seus dedos
Eu sou o sangue em suas veias
E dia sim - dia não eu passo pelo seu coração

Não importa quão depressa você corra
E quão longe você vá
Você me carrega com você!
Aonde quer que você vá
O que quer que você faça
Eu sou parte de você

Eu sou os sonhos não vividos
Eu sou a angústia que a persegue
Eu sou o grito em sua cabeça
Eu sou o silêncio - o medo em sua alma
Eu sou a mentira - a perda da sua dignidade
Eu sou o desfalecimento - a ira de seu coração
Eu sou o vácuo - que um dia você se tornará

Não importa quão depressa você corra
E quão longe você vá
Você me carrega com você!
Aonde quer que você vá
O que quer que você faça
Eu sou parte de você

Criatura de luz - cuja sombra eu estou me tornando
Criatura de luz - cuja sombra eu estou me tornando.

sábado, 20 de março de 2010

Igual a Você

Fique calma,
Suave, obscura e sem sonhos
Bem abaixo dos meus pesadelos e de minha solidão
Eu me odeio por respirar sem vc
Eu não quero sentir mais nada por vc
Lamentando por vc
Eu não estou lamentando por vc
Nada que um verdadeiro amor possa desfazer
E mesmo assim eu acho que perdi o caminho
Todos os caminhos me levam a vc,

Eu queria estar igual a vc
Deitado no chão, frio como vc

Vazio
Uma parede entre nós
Quebre se e nos deixe sozinhos novamente
Sussurrando, assombrando por algum lugar
Eu acredito que o nosso amor pode nos ver pela morte.

Eu queria estar igual a vc
Deitado no chão, frio como vc
Há espaço para dois aqui dentro
E eu não estou lamentando por vc

Eu estou indo pra vc ...

Você não esta sozinha
Não importa o que eles disseram você não esta sozinha
Eu estarei ao seu lado para todo o sempre;

Eu queria estar igual a vc
Deitado no chão, frio como vc
Há espaço para dois aqui dentro
E eu não estou lamentando por vc

E enquanto deitamos silenciosamente
Eu sei que vc lembra de mim

Eu queria estar igual a vc
Deitado no chão, frio como vc
Há espaço para dois aqui dentro
E eu não estou lamentando por vc

Eu estou indo pra vc...

sexta-feira, 19 de março de 2010

"...Existem três etapas da automulilação, a iniciante, a intermediaria e avançada;
Quem não conheçe, não sabe qe é um vicio, e quem não tem, não pode criiticar..."
Já não sei dizer se ainda sei sentir
O meu coração já não me pertence
Já não quer mais me obedecer
Parece agora estar tão cansado quanto eu
Até pensei que era mais por não saber
Que ainda sou capaz de acreditar
Me sinto tão só
E dizem que a solidão até que me cai bem
Às vezes faço planos
Às vezes quero ir
Pra algum país distante
Voltar a ser feliz

Já não sei dizer o que aconteceu
Se tudo que sonhei foi mesmo um
sonho meu
Se meu desejo então já se realizou
O que fazer depois
Pra onde é que eu vou?
Eu vi você voltar pra mim
Eu vi você voltar pra mim
Eu vi você voltar pra mim...

quinta-feira, 18 de março de 2010

Conclusão

No campo da pesquisa sobre comportamento suicida, os estudos
têm tido caráter pragmático e produziram um panorama de fatores
claramente associados ao suicídio, sem, no entanto, oferecer uma
amarração teórica consistente para os achados. Estes, na maioria
das vezes, podem ser tomados apenas como correlações. Faz-se
necessário que a identificação de fatores de risco e de proteção seja seguida de teorias que possam, de forma abrangente, integrar
os novos achados ao corpo de conhecimento teórico que procura
compreender o comportamento humano.
A crescente adoção de modernas técnicas traz uma ampliação das
possibilidades de investigação. Em um ambiente de pesquisa básica, o desenvolvimento de tecnologia de laboratório tem acarretado resultados mais abrangentes e específicos quanto à inter-relação gene e ambiente, assim como quanto às alterações moleculares vinculadas ao suicídio.
No ambiente de investigações clínicas, novas ferramentas estatísticas (como, por exemplo, análises de Structural Equation Modeling) também possibilitam um refinamento dos achados e uma ampliação do conhecimento gerado.
Para serem clinicamente úteis, os novos conhecimentos deveriam
possibilitar um olhar mais profundo no mundo de uma pessoa
suicida, bem como a adoção de estratégias específicas de tratamentoe de prevenção que fossem mais eficientes para subgrupospopulacionais, ou mesmo para um indivíduo, em particular.

Detectar e tratar adequadamente depressão reduz taxa de

Como vimos até aqui, pessoas acometidas por depressão têm
maior risco de suicídio. O risco é maior na vigência da doença e
de comorbidades. O risco é menor quando a doença é tratada ou
está em remissão. Assim, a detecção e o tratamento adequado
de pessoas acometidas por transtornos mentais, notadamente
depressão, a partir do atendimento em serviços gerais de saúde
parece ser a forma mais efetiva de prevenir o suicídio. Esta
estratégia foi encampada, no Brasil, pelo Ministério da Saúde e
consta da Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio.
Um estudo realizado em Gotland, uma ilha da Suécia, é um bom
exemplo de como uma intervenção que incluiu capacitação de
profissionais, visando à maior detecção e ao tratamento adequado
da depressão, pode reduzir o número de suicídios. Dois anos
após o início do projeto, houve redução de 60% no coeficiente
de mortalidade por suicídio. Tal redução deu-se principalmente
entre os que tiveram diagnóstico de depressão e que estavam em
acompanhamento médico, um grupo formado majoritariamente
por mulheres e idosos. Não houve diminuição dos coeficientes de
suicídio entre homens. De modo geral, estudos baseados em capacitação de médicos, com foco em detecção e tratamento da
depressão, evidenciam aumento de prescrição de antidepressivos
e declínio nas taxas de ideação e de suicídio.
Ao longo de dez anos, a associação de um programa educacional
sobre depressão e um programa com base na comunidade para
detecção de depressão em idosos em Yasuzuka (Japão) obteve
resultados semelhantes aos do estudo de Gotland. O risco de suicídio entre as mulheres idosas diminuiu 64%; contudo, entre os homens não houve diferença significativa. Entretanto, algumas pesquisas não confirmaram os bons resultados obtidos em Gotland e Yasuzuka, quando o programa educacional dirigiu-se especialmente a médicos da atenção primária.
Atualmente, para tornar o manejo da depressão clinicamente efetivo,evidências sugerem abordagens complexas e multifacetadas. A Aliança de Nuremberg contra Depressão realizou um programa de intervenção com duração de dois anos em Nuremberg (Alemanha), em quatro níveis: treinamento de médicos de família e suporte através de diferentes métodos; uma campanha pública informativa sobre depressão; parceria com facilitadores da comunidade (professores, padres, mídia local etc.); e suporte para atividades de auto-ajuda, assim como para grupos de
alto risco para o suicídio. Os efeitos dessa intervenção no número deatos suicidas (suicídios mais tentativas de suicídio, definidos como principal resultado) foram avaliados comparando-se aos dados obtidos após um ano e com a região controle (Wuerzburg). Mesmo levando-se em consideração as limitações do estudo, a Aliança de Nuremberg contra a Depressão presumivelmente melhorou o cuidado dos pacientes deprimidos e preveniu o comportamento suicida. Foi detectada uma redução na freqüência de atos suicidas, em Nuremberg, de 19% e 24%
durante o primeiro e o segundo ano do programa, respectivamente. O projeto de Nuremberg foi expandido para outras regiões da Alemanha e, em virtude dos seus resultados positivos, 18 parceiros internacionais, representando 16 países Europeus, formaram a Aliança Européia contra a Depressão em 2004.
Ações de prevenção do suicídio também podem ser iniciadas
no hospital geral, em pelo menos dois grupos de indivíduos: nos
que, avaliados ambulatorialmente ou internados, detecta-se um
transtorno mental; e entre os que são atendidos devido a uma
tentativa de suicídio.
Estima-se que o risco de suicídio em pacientes internados em hospital geral seja três vezes maior do que o da população geral. A maioria dos que cometem suicídio durante a internação sofre de doenças crônicas ou terminais, ou ainda de condições que são dolorosas e debilitantes.
Da mesma forma que na população geral, o suicídio é mais freqüente entre os que têm comorbidade psiquiátrica, comumente não detectadas pela equipe assistencial. Um estudo de autópsia psicológica mostrou que 88% dos pacientes que se suicidaram durante uma internação sofriam de um ou mais transtornos psiquiátricos.
Em um estudo realizado no Hospital das Clínicas da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), numa amostra aleatória de 253
internações, estimou-se um risco elevado de suicídio, segundo o The Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI) em 5% dos
pacientes. Esses últimos tinham diagnóstico recente de uma doença grave, feito durante a internação, agudizações de doenças crônicas e sofrimento crônico por câncer ou deformidade física. O risco foi maior em adultos jovens, menores de 30 anos de idade, entre os que não tinham vínculo matrimonial e dentre os que se encontravam deprimidos.
Entre os 74 pacientes sofrendo de depressão maior, 58% tinham risco de suicídio, contra 0% entre os não afetados por depressão. Namesma linha desses resultados, um estudo dinamarquês que avaliou 5.000 pacientes com esclerose múltipla demonstrou maior risco entreadultos jovens.
O risco entre o que tinham sido diagnosticados após os 40 anos de idade foi próximo ao da população geral. Outros estudos
evidenciaram maior risco de suicídio em adultos jovens entre pacientes
com lesão medular, Parkinson e acidente vascular cerebral.
Considerando-se essas informações, é recomendável uma ação proativa de serviços de interconsulta psiquiátrica e de psicologia hospitalar, capacitando profissionais a detectar e a tratar casos de depressão, de uso patológico de álcool e de risco de suicídio durante a internação e após a alta hospitalar.
Há vários ensaios clínicos que se valeram de intervenções
psicossociais visando evitar novas tentativas de suicídio, disponíveis em artigos de revisão. Quando se usa como desfecho detratamento a repetição de tentativas de suicídio, o conjunto de
publicações traz resultados controversos. Por outro lado, alguns
estudos evidenciaram que contatos regulares com grupos de alto
risco de suicídio resultaram em decréscimo significativo no número
de suicídios após período variável de seguimento.
Um ensaio clínico com 1.867 casos de tentativas de suicídio em cinco centros participantes do SUPRE-MISS (Campinas, Brasil;
Chennai, Índia; Colombo, Sri Lanka; Karaj, Irã; e Yuncheng, China)
comparou uma intervenção psicossocial de baixo custo (entrevista
motivacional, mais contatos telefônicos regulares) com o tratamento
usual disponível nesses locais (geralmente, alta hospitalar, com ou sem encaminhamento ambulatorial). Ao final de 18 meses, menos mortes por suicídio ocorreram no grupo que recebeu a intervenção do que no grupo que recebeu tratamento usual (0,2% vs. 2,2%, respectivamente,p < 0,001). Estes resultados mostram que tal programa poderia ser uma alternativa interessante para a prevenção de suicídio em países que dispõem de poucos recursos financeiros aplicados na área da saúde.

Outros fatores desenvolvimentais

Fatores desenvolvimentais não diretamente incluídos nos critérios
diagnósticos de quadros psicopatológicos têm sido investigados em
casos de suicídio. Entre outras características, a identificação destes fatores possibilita estratégias de prevenção primária, uma vez que aborda estágios prévios ao estabelecimento de doença mental e de seus conseqüentes prejuízos funcionais.
Investigaram o curso natural de comportamentos
suicidas em uma coorte de 3.017 indivíduos. Entre as cinco
dimensões implicadas no suicídio, história de abuso sexual na
infância esteve associada a comportamento suicida posterior.
Ademais, a presença de abuso físico também se associa a
incremento no risco de comportamento suicida, mas com
intensidade marcadamente menor. Por exemplo, o aumento
de chance de tentativa de suicídio única em homens foi de
OR = 2,3 (CI 95% 1,1-4,8) em indivíduos com abuso físico, e de
OR = 6,8 (CI 95% 2,0-23,3) em sujeitos com história de abuso
sexual. Interessantemente, indivíduos com história de abuso combinado (físico e sexual) apresentaram ORs ainda mais elevados.
A trajetória de determinadas características infantis até o
possível desfecho de comportamento suicida constitui uma linha
bem estabelecida de investigações. Estudos transversais têm
demonstrado que antecedentes cognitivos e traços de personalidade infantil podem estar envolvidos em comportamentos suicidas em fases adultas. Neuroticismo, ansiedade e desregulação
comportamental são características freqüentemente implicadas na
etiologia de tentativas de suicídio ou de suicídio. Tais achados
encontram-se fortalecidos por um recente estudo com desenho
longitudinal, que evita as principais limitações dos anteriores. Identificaram que comportamentos disruptivos na infância guardam associação estatística com suicidalidade (OR = 1,80 CI95% 1,03-3,13), assim como comportamentos mistos disruptivos e de ansiedade (OR = 1,88 CI95% 1,05-3,37).
De modo contrário, ansiedade não demonstrou associação
significativa com o desfecho investigado. Interessantemente,
sexo representa um fator importante de moderação, sendo o
risco significativamente maior em indivíduos femininos do que
masculinos (para comportamentos mistos, OR = 0,8 em homens
e OR = 3,60 em mulheres).

Impulsividade, Agressividade e Suicidalidade

Ainda que os transtornos de humor sejam sistematicamente
implicados na etiologia do comportamento suicida, somente
uma minoria dos pacientes que desenvolvem depressão maior
se engajará, em algum momento da vida, em atos suicidas. A
heterogeneidade dos transtornos depressivos não parece explicar
totalmente essa disparidade. O motivo pelo qual não mais do que
15% dos pacientes deprimidos morrem por suicídio, enquanto
outros com níveis semelhantes de depressão não, permanece sendo uma questão de imensa relevância clínica.
Consistentes achados têm indicado que aumento de impulsividade e comportamento agressivo possuem um destacado papel na mediação entre doença mental e suicídio.
Diversas linhas de pesquisa têm abordado a relação causal
entre agressividade/impulsividade e suicídio por meio de diferentes
estratégias metodológicas. Estudos com indivíduos vivos que
tentaram o suicídio são consensuais em demonstrar níveis
significativamente superiores de tais características.
Outros achados corroboram a importância dos traços de impulsividade e agressividade na presença de diagnósticos psiquiátricos e tentativas de suicídio. Mais recentemente, o papel etiológico da impulsividade e da agressividade tem recebido destacado suporte de estudos envolvendo indivíduos que cometeram suicídio, quando comparados com grupos. Comportamentos agressivos e impulsivos estão extensamente presentes não só em indivíduos com depressão maior e suicídio, mas também em vitimas de suicídio que apresentavam outros diagnósticos, tais como transtorno de abuso de substâncias e transtorno de personalidade borderline e automutilação. A associação entre comportamento agressivo e impulsivo parece não ser dependente do quadro psicopatológico.
Impulsividade e agressividade podem constituir, de fato, o elo causal entre depressão maior e suicídio.
Ademais, a utilização de métodos violentos de suicídio também
guarda associação com os níveis de agressividade ao longo da vida.
Descrevemos a utilização de métodos violentos como um
marcador comportamental de agressividade, e demonstraram que
outros correlatos de agressividade e impulsividade (particularmente
abuso de drogas e álcool ao longo da vida) também estão
freqüentemente presentes.
Mesmo após controle estatístico de possíveis confundidores, a associação entre comportamento agressivo e suicídio por método violento se mantém.
Devido à relevância clínica implicada na detecção de preditores
mais específicos de suicídio, e ao fato de que os traços de
agressividade e impulsividade não são restritos a determinadas
categorias diagnósticas, recentes investigações têm explorado
tais constructos em distintos contextos clínicos. Do ponto de vista
familiar, a presença de suicídio na família está associada não só
a uma chance elevada em cerca de três vezes de comportamento
suicida em probandos quando comparados a sujeitos sem história
familiar (13,2% vs. 4,2%, respectivamente). Mais além, a
presença de história familiar também esteve associada a escores
de agressividade e impulsividade significativamente maiores,
independentemente da sua própria história psicopatológica. Em
conseqüência, estima-se que o comportamento agressivo/impulsivo
possa estar na base da ligação entre histórico familiar de suicídio
e novas tentativas por probandos. Estudos de agregação familiar
de suicídio reforçam essa associação, mesmo controlando para
outros confundidores que também apresentam alta agregação
familiar, desenharam um estudo para testar a associação
entre traços de agressividade em familiares de vítimas de suicídio
e mortes por suicídio, com o objetivo de excluir a mediação dos
traços psicopatológicos.
Os resultados apontam que o componente familiar do suicídio é independente da psicopatologia agrupada em famílias. Mais detalhes sobre estudos acerca da transmissão familiar do comportamento suicida podem ser encontrados em recente trabalho de revisão por Bredt e Melhem.
Em pacientes com diagnóstico de depressão maior, comportamentos agressivos e impulsivos também se destacam,
conduziram um estudo de caso-controle com pacientes deprimidos
(104 vítimas de suicídio e 74 controles vivos), demonstrando que
comportamentos agressivos estiveram associados ao suicídio, e que tal associação é ainda mais evidente em sujeitos entre 18 e 40
anos de idade. Subseqüentes estudos enfocaram a distribuição
de risco em diferentes faixas etárias, Recentemente, McGirr et al. investigaram uma amostra de 645 sujeitos com idades entre 11 e 87 anos via autópsia psicológica. Após controle para confundidores e psicopatologia,a interação entre comportamentos impulsivo-agressivos, idade e procura por novidades (novelty seeking) foram capazes de predizer o estado presente de suicidalidade. Adicionalmente, os efeitos dos comportamentos impulsivo agressivos foram mais proeminentes em sujeitos jovens, com diminuição da importância com o aumento da idade.

Depressão maior e Suicídio

A associação entre o quadro clínico de depressão maior e
comportamento suicida tem sido largamente descrita. Tais achados
parecem ser confirmados em diferentes desenhos metodológicos
e em distintas populações. Por exemplo, investigações de base
populacional nos Estados Unidos (National Comorbidity Survey
e Epidemiologic Catchment Area), Canadá e áreas urbanas da
China indicam que depressão é a principal entidade nosológica
associada a tentativas de suicídio, à ideação suicida e a planos
suicidas, reportaram que, comparado aos transtornos de
ansiedade, o diagnóstico de depressão maior esteve associado a
uma razão de chances cerca de dez vezes maior (OR = 1,9-18,5
e OR = 17,8-50,0, respectivamente).
Colaboram os achados chineses, indicando a persistência destes em contextos
culturais distintos. Adicionalmente, atestaram a
estabilidade temporal desta associação ao comparar os resultados
do NCS (coletados em 1990-1992) aos do NCS-R (obtidos em
2001-2003). Após uma década, a proporção de depressão maior
em indivíduos com ideação, plano, gesto e tentativa de suicídio
manteve-se comparável.
Diversos estudos de base clínica também abordam a associação
depressão e suicídio, com conclusões que apontam para a mesma
direção. Com um desenho longitudinal retrospectivo,reportaram uma chance maior de morte por suicídio = 1,72 em um grupo de pacientes taiwaneses com diagnóstico
de depressão maior em relação a um grupo controle. Por meio
de estudos de caso-controle com procedimento diagnóstico baseado em entrevistas do tipo autópsia psicológica, o Grupo de Estudos em Suicídio da MGill tem consistentemente indicado a extensa associação entre depressão maior e suicídio.
Investigaram homens vítimas de suicídio e controles pareados da
comunidade de Montreal, explorando os padrões de comorbidade
por meio de análise de classes latentes. Depressão maior foi o
diagnóstico de Eixo I mais freqüentemente encontrado (38,7%no grupo em estudo vs. 5,3% no grupo controle). Utilizando uma estratégia inovadora de coleta de dados retrospectiva (Life Trajectory Instrument), a qual fornece de forma detalhada eventos de vida e sinais de psicopatologia dos sujeitos em estudo,
colaboraram a destacada prevalência de depressão na amostra
estudada (102 vítimas de suicídio consecutivamente arroladas).
O diagnóstico de depressão maior foi o mais largamente apontado
(66% dos casos), seguido de transtorno do uso de substâncias(59%).
A importância da comorbidade na elevação do risco de suicídio
também está bem estabelecida. Um estudo finlandês de autópsia
psicológica, numa amostra aleatória de 229 suicídios, revelou que
93% tinham um diagnóstico psiquiátrico de Eixo I. Apenas 12%
dos casos recebeu tão somente um diagnóstico de Eixo I, sem outra
doença coexistente.
Quase metade dos casos (44%) tinha dois ou
mais diagnósticos de Eixo I. Os transtornos mais prevalentes foram
depressão (59%) e dependência ou abuso de álcool (43%). Um
diagnóstico de transtorno de personalidade (Eixo II) foi aventado para
31%, e um diagnóstico de doença não psiquiátrica (Eixo III) para
46% dos casos de suicídio.
Mais além, um recente estudo sobre
a mesma casuística demonstrou que, embora metade das vítimas
consideradas deprimidas estivesse sob tratamento psiquiátrico à
época do suicídio, poucas estavam recebendo tratamento adequado
para depressão.
Os resultados evidenciaram também alguns fatores
mais relacionados a homens sofrendo de depressão: procuram
menos ajuda, menos freqüentemente são diagnosticados como
deprimidos e recebem menos tratamentos para depressão, além
de aderir também menos a estes.
Dentre os deprimidos, dependência química, ansiedade grave,
crises de pânico, agitação e insônia aumentam a chance de morte
por suicídio. Dentre os mais velhos, é comum a coexistência de
doenças não psiquiátricas; dentre os mais novos, transtornos de
personalidade. No caso de transtorno bipolar, os estados mistos,
os delírios na fase maníaca e a falta de adesão ao tratamento
aumentam o risco.
Interessantemente, a presença de depressão por vezes representa o
elo (mediação) entre quadros de ansiedade e suicidalidade, em uma amostra de pacientes psiquiátricos ambulatoriais com transtorno de pânico, que o transtorno de
ansiedade isolado não esteve associado à suicidalidade, ao passo que os indivíduos com comorbidade com depressão maior apresentaram proporções significativamente mais elevadas de associação com intenção e comportamento suicida.
Uma extensa meta-análise sobre diagnósticos psiquiátricos e suicídio indicou que 87,3% dos sujeitos apresentavam algum diagnóstico psiquiátrico previamente ao suicídio. Em geral,43,2% dos casos apresentavam transtornos de humor, 25,7%
apresentavam transtornos do uso de substâncias, 16,2% tinham diagnóstico de transtorno de personalidade, e 9,2% apresentavam transtornos psicóticos. Ademais, as prevalências demonstraram ser significativamente variáveis de acordo com o sexo. De fato, o sexo parece determinar diferenças nos perfis de indivíduos com tentativas
de suicídio, entre as quais se destacam a maior prevalência e
intensidade de sintomas depressivos.
Com o intuito de explorar a relação temporal entre suicídio e depressão,avançaram na investigação de tal interrelação.
Partindo da controvérsia acerca do pico de risco de suicídio em pacientes deprimidos (maior risco precocemente no desenvolvimentodo transtorno depressivo ou risco cumulativo ao longo do transtorno), os autores realizaram um estudo de caso-controle e demonstraram que 74,4% dos suicídios estavam associados ao primeiro episódio de depressão maior, 18,8% relacionavam-se ao segundo episódio, e 6,5% associavam-se a mais de dois episódios.
Mais além, as análises exploratórias de tais dados evidenciaram que comportamentos de impulsividade e agressividade estavam na base de tais diferenças.
De modo complementar, sintomas depressivos parecem também ser decisivos como fator etiológico de ideação suicida e tentativas de suicídio.
Em uma investigação de caso-controle, reportaram que sintomas depressivos(especialmente falta de energia e humor depressivo) estiveram consistentemente associados à ideação suicida, ao passo que características demográficas não
se mostraram preditores neste estudo.
Ainda que a grande maioria dos indivíduos que cometem suicídio tenham alguma patologia psiquiátrica, em sua maioria do Eixo I e predominantemente depressão maior, aproximadamente 10% dos sujeitos que cometem suicídio não as apresentam.
Conduziremos um estudo de caso-controle incluindo uma amostra de vítimas de suicídio com diagnóstico em Eixo I, uma amostra de vítimas sem diagnóstico de Eixo I e uma terceira amostra de controles vivos.
Medida de impulsividade,agressividade,hostilidade e temperamento foram obtidas nas três subamostras.
Os resultados demonstraram que o grupo de vítimas sem diagnóstico
em Eixo I apresentava mais semelhanças com a amostra portadora
de diagnóstico, e não com o grupo controle. Deste modo, a noção
de que traços psicopatológicos têm um papel destacado em casos
de suicídio fica fortalecida, mesmo em casos aparentemente livres
de doenças psiquiátricas maiores. Ademais, os autores enfatizam
a necessidade de ampliação do entendimento da relação entre
patologia psiquiátrica e suicídio, para além da simples associação
diagnóstico vs. suicídio.
Outra abordagem metodológica possível para a investigação de depressão e suicídio é a identificação de características específicas que possam mediar ou moderar esta relação. Ainda que diversas dimensões de personalidade tenham sido investigadas (tais
como neuroticismo, ansiedade e introversão), a associação entre comportamentos agressivos/impulsivos e suicídio tem merecido destaque na literatura.

sábado, 13 de março de 2010

Suicídio

Suicídio é uma das maiores causas de mortalidade ao redor
do mundo, especialmente entre sujeitos jovens1. Conseqüente à
sua crescente prevalência, esta condição tem sido considerada
como uma questão de saúde pública2. Recentemente, estudos
epidemiológicos de prevalência têm descrito grandes variações
interculturais e por faixa etária. De modo geral, a prevalência de
mortes por suicídio é mais elevada nos países da Europa Oriental,
mas baixas em países das Américas Central e do Sul. As taxas
dos Estados Unidos, Europa Ocidental e Ásia figuram na faixa
central3.
No Brasil, 24 pessoas morrem diariamente por suicídio, sendo
que essa informação acaba por ser não divulgada. Assim, o impacto
do suicídio é obscurecido pelos homicídios e pelos acidentes
de trânsito, que excedem em seis e quatro vezes, em média e
respectivamente, o número de suicídios4.
Outros parâmetros têm sido investigados como indicadores
do impacto do suicídio. O impacto do suicídio tem também sido
avaliado em termos de DALYs (disability-adjusted life years). De
acordo com este indicador, suicídio foi responsável por 1,8% do
impacto total de doenças no mundo em 1998. Este índice variou
de 1,7% em países em desenvolvimento a 2,3% em países
desenvolvidos5. Comparativamente, estes índices são similares
aos de guerras e homicídios, e aproximadamente o dobro dos de
condições como diabetes5.
Além do crescente aumento de mortes por suicídio, as tentativas
de suicídio são ainda mais prevalentes. Estima-se que estas sejam
cerca de 20 vezes mais freqüentes na população geral6,7. Resultados
do National Comorbidity Survey (NCS) indicam que cerca de 5%
da população geral norte-americana tentou o suicídio em algum
momento da vida. De modo similar, tentativas de suicídio estão
associadas a significativas morbidades e constituem um preditor
maior de suicídio posterior8,9.
O inquérito epidemiológico do Estudo de Intervenção no
Comportamento Suicida (SUPRE-MISS) da Organização Mundial
de Saúde (OMS) entrevistou 5.987 pessoas a partir de amostras
populacionais de oito cidades localizadas na África do Sul, Brasil,
China, Estônia, Índia, Irã, Sri Lanka e Vietnã. Ideação (2,6-25,4%),
planos (1,1-15,6%) e tentativas de suicídio (0,4-4,2%) variaram
entre os centros pesquisados10. Na área urbana do município de
Campinas-SP, ao longo da vida, 17,1% das pessoas “pensaram
seriamente em por fim à vida”, 4,8% chegaram a elaborar um
plano para tanto e 2,8% efetivamente tentaram o suicídio. As
mesmas prevalências ao longo dos últimos 12 meses foram,
respectivamente, 5,3%, 1,9% e 0,4%. A ideação suicida foi
mais freqüente em mulheres (OR = 1,7), em adultos jovens (20
a 29 anos: OR = 2,9; 30 a 39 anos: OR = 3,6; comparados ao
grupo de 14 a 19 anos), nos que residiam fora do núcleo familiar
(OR = 4,2) e nos que tinham transtornos mentais (OR entre 2,8 e
3,8)11. A ideação suicida esteve fortemente associada a sintomas
de depressão, especialmente com falta de energia (OR = 4,8) e
com humor deprimido (OR = 4,4)12.
Suicídio é considerado o desfecho de um fenômeno complexo e
multidimensional, e decorrente da interação de diversos fatores1.
É consensual entre os pesquisadores em suicidologia a noção de
que não há um fator único capaz de responder pela tentativa ou
pelo suicídio propriamente dito. Contrariamente, os fatores que
concorrem para este fenômeno ocorrem em conjunto5. Entre os
fatores de risco extensamente estudados na literatura internacional
destacam-se tentativas prévias de suicídio, fatores genéticos, suporte
social e familiar e psicopatologia13-16.
Historicamente, teorias psicológicas têm procurado compreender
os fatores que concorrem para o suicídio. A psicanálise salientou
a forma patológica do processo de luto que ocorre na melancolia:
o sadismo seria investido contra o próprio eu, identificado com
um objeto perdido17. Freud, considerando a importância da
agressividade humana, introduziu um novo dualismo pulsional:
pulsão de vida e pulsão de morte18. Menninger ressaltou que o
desejo de matar, presente no suicida, pode estar dirigido não só
para um objeto interno, já que a experiência clínica reiteradamente
confirma que o suicídio freqüentemente destina-se, como vingança,
a destruir a vida dos sobreviventes19.
A psicologia cognitivista, por sua vez, entende que o risco de
suicídio seria mais elevado quanto mais ideação; o planejamento
suicida, quanto maior o desejo de morte e o poder letal do método
escolhido e, principalmente, quanto mais pronunciado o sentimento
de desesperança20,21. Já para Shneidman, a vivência de uma dor
emocional intolerável, “psychache”, é o que mais caracteriza o
estado de uma pessoa prestes a cometer o suicídio: uma sensação
de turbulência interna e de estar preso em si mesmo22. A idéia de
suicídio surgiria numa situação de constrição do estado perceptivo
(estreitamento afetivo e intelectual).
Este artigo visa revisar sucintamente as contribuições recentes
acerca das características clínicas da depressão que se encontram
vinculadas a casos de suicídio. A seguir, destacam-se esforços de
prevenção, no sentido de, ao se detectar e tratar casos de depressão
em serviços gerais de saúde, diminuir o risco de suicídio.
Quais são os recentes achados clínicos sobre a associação entre depressão e suicídio?

Objetivo:

Suicídio é uma das maiores causas de mortalidade ao redor do mundo, especialmente entre indivíduos jovens. Suicídio é considerado o desfecho de um fenômeno complexo e multidimensional, e decorrente da interação de diversos fatores. A associação entre
psicopatologia e suicídio tem sido largamente estudada. Dentre os diagnósticos psiquiátricos associados a suicídio, depressão maior se
destaca sobremaneira. Tais achados parecem ser confirmados em diferentes desenhos metodológicos e em distintas populações.
Este artigo visa a revisar sucintamente as contribuições recentes acerca das características clínicas da depressão que se encontram vinculadas
a casos de suicídio. Destacam-se também os esforços de prevenção, no sentido de, ao se detectar e tratar casos de depressão
em serviços gerais de saúde, diminuir o risco de suicídio.

Revisão:

Referências recentes foram identificadas e agrupadas com o intuito
de ilustrar as principais contribuições acerca da interface entre depressão e suicídio. Brevemente, a revisão de literatura aberta aponta
para a grande prevalência do diagnóstico de depressão maior entre os casos de comportamento suicida. Traços psicopatológicos de
agressão e impulsividade parecem exercer um papel relevante no desencadeamento de atos suicidas. Estratégias de prevenção foram
também revisadas nos contextos internacional e brasileiro. De modo geral, a detecção e tratamento de depressão são capazes de reduzir
as taxas de suicídio.

Conclusão:

No campo da pesquisa sobre comportamento suicida, os estudos têm tido caráter pragmático e produziram
um panorama de fatores claramente associados ao suicídio, sem, no entanto, oferecer uma amarração teórica consistente para os
achados. A crescente adoção de modernas técnicas traz uma ampliação das possibilidades de investigação. Para serem clinicamente
úteis, os novos conhecimentos devem possibilitar um olhar mais profundo no mundo de uma pessoa suicida, bem como a adoção de
estratégias específicas de tratamento e de prevenção que fossem mais eficientes para subgrupos populacionais.